Uma estratégia bem-sucedida de integração entre maternidade, vigilância epidemiológica e atenção primária vem reduzindo a mortalidade infantil e ampliando o acesso a cuidados essenciais. A experiência “Monitoramento da puérpera, RN e da puérpera pós aborto: uma estratégia da AB e Hospitalar” foi vencedora da 19ª Mostra “Brasil, Aqui Tem SUS!”, sendo premiada com um documentário.
A cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, enfrentava um desafio comum a muitos municípios brasileiros: a falta de informações compartilhadas entre a maternidade de referência e a Atenção Primária à Saúde (APS). Isso comprometia o atendimento oportuno ao binômio mãe e bebê, além de dificultar o monitoramento de puérperas pós-aborto. Foi a partir dessa lacuna que nasceu uma experiência inspiradora de monitoramento e integração, liderada pela enfermeira Márcia Caroline Villalba de Oliveira.
“A Atenção Primária à Saúde não possuía informações sobre os nascidos na maternidade de referência do município. Foi aí que vimos a necessidade de aproximação entre atenção primária e maternidade”, explica Márcia.
O problema: agendas despadronizadas e descontinuidade do cuidado
Antes da implantação da estratégia, a APS não recebia informações sistematizadas sobre os recém-nascidos atendidos na maternidade. As agendas de puericultura e de consulta puerperal não eram padronizadas, e as equipes de saúde nem sempre compreendiam a importância do atendimento em tempo oportuno.
“O desafio foi sensibilizar as equipes sobre a importância de atendimento em tempo oportuno do binômio mãe e filho e da padronização das agendas”, relembra a enfermeira.
A solução: integração, monitoramento e padronização
A iniciativa consistiu em uma parceria sólida entre a maternidade, a vigilância epidemiológica e a Atenção Primária. Com a criação de uma planilha de monitoramento alimentada diariamente com dados da maternidade, as unidades básicas de saúde passaram a ter acesso a informações fundamentais para a busca ativa e o seguimento das puérperas e recém-nascidos — incluindo casos de pós-aborto.
“Nossa planilha de monitoramento cada dia conta com mais informações alimentadas pela maternidade, o que colabora com as buscas ativas e os atendimentos de seguimento nas UBS”, conta Márcia.
Além disso, o município estabeleceu agendas padronizadas para a puericultura e a consulta puerperal em todas as 29 UBS, ampliando o acesso e garantindo um cuidado contínuo.
Os resultados: mais atendimentos, menos mortalidade infantil
A mudança foi expressiva:
- Aumento de 30% nos atendimentos de puericultura e consulta puerperal em 2023, comparado a 2022;
- Queda no índice de mortalidade infantil, de 14,2 em 2022 para 9,2 em 2023;
- Maior número de puérperas pós-aborto acompanhadas nas unidades de saúde;
- Engajamento crescente das equipes, que passaram a reconhecer o impacto direto do monitoramento na qualidade da atenção.
“Foi desafiador quando pensamos em implantar algo desse porte em uma cidade do tamanho de Foz do Iguaçu, com 29 UBS, e ainda mais por ser uma região de fronteira com Paraguai e Argentina”, destaca Márcia.
Um legado de cuidado e vida
Essa experiência exitosa mostra que, com articulação entre setores, engajamento das equipes e organização dos processos, é possível transformar realidades e garantir um cuidado mais humano e eficaz desde os primeiros dias de vida.
A iniciativa se tornou referência local e mostra como a articulação entre diferentes setores pode salvar vidas.
“O sentimento é de gratidão em poder colaborar na vida de pessoas, ajudando a salvar vidas, pois o atendimento em tempo oportuno salva vidas”, conclui Márcia Caroline.
Sua experiência pode ser uma das vencedoras da Mostra “Brasil, Aqui tem SUS!” de 2025. As inscrições para a edição deste ano ainda estão abertas! Veja como participar.