Aleitamento materno no Paraná: Desafios e suporte da Saúde

Por cosemspr - 16 de agosto de 2024

Em: NOTÍCIAS

Promover o aleitamento materno no Paraná é uma prioridade em saúde pública. Neste mês de agosto é ainda mais relevante discutir o tema, já que o mês é reconhecido mundialmente como o “Agosto Dourado”, um período dedicado à conscientização sobre a importância da amamentação. A cor dourada simboliza o padrão ouro de qualidade do leite materno, destacando seu papel crucial na nutrição e desenvolvimento infantil.

A campanha foi estabelecida em 1992 pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA) com o objetivo de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno em todo o mundo. No Brasil, foi estabelecida pela Lei Federal nº 13.345, de 2017.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aleitamento materno exclusivo deve ser mantido até os seis meses de idade. “Quando o bebê recebe só leite materno até o sexto mês, ele não precisa consumir chá, sucos ou água”, explica a nutricionista Marcieli Adelaine Pereira Ferreira, apoiadora do COSEMS-PR da 4ª Região de Saúde.

Porém, na prática, isso ainda está longe de acontecer: segundo a  Secretaria de Saúde do Paraná, em Curitiba, apenas 46% dos menores de seis meses estão em aleitamento materno exclusivo (AME). A OMS ainda indica que o aleitamento siga até os dois anos da criança. Em Curitiba, apenas 48% das crianças entre 9 e 12 meses são amamentadas.

Benefícios do aleitamento materno

Com dados e depoimentos das nutricionistas Marcieli Adelaine Pereira Ferreira e Luna Rezende de Souza, nutricionistas e apoiadoras do COSEMS-PR.

Para o bebê:

Nutrição completa: O leite materno é o alimento ideal para bebês até os seis meses, fornecendo todos os nutrientes, vitaminas e minerais necessários para um crescimento e desenvolvimento saudáveis. “O leite materno tem todos os nutrientes que o bebê precisa até o sexto mês de vida, e mesmo após este período, ele continua complementando essa alimentação do bebê, trazendo diversos fatores protetores, anticorpos, além de nutrientes”, explica Luna.

Proteção contra doenças: O leite materno contém anticorpos e outros fatores de proteção que fortalecem o sistema imunológico do bebê, reduzindo o risco de infecções, alergias, doenças respiratórias e diarreia.

Desenvolvimento cognitivo: Estudos mostram que o aleitamento materno pode contribuir para um melhor desenvolvimento cognitivo e QI mais elevado. “O leite materno promove um crescimento e desenvolvimento ideal do bebê, além de ser uma forma mais econômica de alimentar a criança”, detalha Marcieli.

Desenvolvimento da face: “O desenvolvimento craniofacial e as funções, como a mastigação, fala, respiração e alinhamento dos dentes também é desencadeado pela amamentação, contribui para todo o desenvolvimento muscular da face, pelo movimento de sucção na mama”, explica Luna.

Redução de riscos a longo prazo: A amamentação está associada a um menor risco de obesidade, diabetes tipo 1 e 2, hipertensão e colesterol alto na vida adulta, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria.

Protege contra síndrome da morte súbita infantil: O risco de um bebê morrer por síndrome de morte súbita infantil cai em 60% em comparação com aqueles que não são amamentados, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde.

Para a mãe:

Recuperação pós-parto: “Há uma redução do risco de hemorragias pós-parto”, conta Marcieli, já que a amamentação estimula a contração uterina, auxiliando na recuperação do útero.

Perda de peso: Amamentar consome calorias, ajudando a mãe a retornar ao peso pré-gravidez de forma mais rápida.

Proteção contra doenças: A amamentação reduz o risco de câncer de mama e ovário, diabetes tipo 2, osteoporose e doenças cardiovasculares.

Vínculo afetivo: A amamentação promove um forte vínculo emocional entre mãe e bebê, proporcionando momentos de carinho e conexão.

“É uma forma de fortalecer o vínculo mãe-bebê, um auxílio na recuperação do peso após a gestação, além de reduzir a chance do desenvolvimento de diabetes tipo 2, hipercolesterolemia e até redução do desenvolvimento de câncer de mama, ovário e endométrio”, explica Luna.

Obstáculos para o aleitamento materno

Apesar dos inúmeros benefícios, amamentar pode ser desafiador! “Pode haver diversos problemas, como a dificuldade de adequar a pega do bebê, que pode levar a uma fissura, a muitas dores, inclusive à baixa produção do leite, uma vez que essa pega não seja eficiente”, explica Luna.

Por isso, os profissionais de saúde e gestores desempenham um papel crucial no apoio à amamentação. Orientações sobre a pega correta, ordenha, armazenamento do leite e retorno ao trabalho são essenciais. Além disso, é fundamental criar uma rede de apoio que acolha e encoraje as mães em sua jornada de amamentação.

“Nós profissionais de saúde e gestores podemos encorajar essa mulher a dar continuidade ao aleitamento materno, orientando a ordenha, a esgotar o leite e a armazenar de forma adequada. É fundamental ressaltar que, mesmo querendo muito e com apoio, muitas vezes isso não é possível por inúmeros fatores. Nesse momento, os profissionais de saúde também devem estar preparados para acolher essa mulher e orientar como deverá ser a alimentação do seu bebê de forma segura”, detalha Marcieli.

Leis que garantem o direito à amamentação

A legislação brasileira oferece ampla proteção ao direito da amamentação, abrangendo diversos aspectos da vida da mulher. No ambiente de trabalho, empresas com mais de 30 funcionárias devem disponibilizar um local apropriado para amamentação ou extração de leite (artigo 389 da CLT). Adicionalmente, gestantes e lactantes têm prioridade de atendimento em serviços públicos (Lei nº 10.048/00).

A legislação também contempla a proteção à maternidade, com licença-maternidade de seis meses e garantia de amamentação em espaços públicos e privados (Lei nº 13.257/2016). Mães estudantes têm o direito de fazer trabalhos escolares em casa durante a gravidez e amamentação, além de poderem realizar provas finais em condições especiais (Lei 6.202/1975).

É fundamental ressaltar que esses direitos se aplicam a todas as mães, inclusive às adotivas e àquelas que não podem amamentar diretamente do seio. Em caso de violação desses direitos, recomenda-se buscar auxílio jurídico através de um advogado, sindicato, defensoria pública ou denúncia aos Ministérios Públicos ou do Trabalho.

“É importante ressaltar que o aleitamento materno é a forma ideal de nutrir um bebê, mas não a única forma de amar e proteger um filho. O apoio, a compreensão e o respeito às escolhas de cada mãe são fundamentais para garantir a saúde e o bem-estar de mães e bebês no Paraná”, finaliza Marcieli.

 

 

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