A dengue, uma das principais preocupações de saúde pública no Paraná, demanda ações integradas e tecnológicas para enfrentar o avanço da doença. Com o apoio do Comitê Intersetorial de Controle da dengue no Paraná, o estado se organiza para o período epidemiológico de 2024/2025, implementando estratégias de prevenção e controle em várias frentes. Desde 28/07/2024, foram confirmados 4.535 casos no Paraná e 8.195 estão em investigação, de acordo com o Boletim da Dengue de 03/12/2024.
Mudanças climáticas e a evolução da Dengue
Fatores climáticos, como o fenômeno El Niño, contribuíram para o aumento de chuvas em 2023, criando condições ideais para a proliferação do mosquito. Isso resultou em um surto alarmante de dengue no Paraná, com mais de 624 mil casos confirmados e 742 óbitos no último período epidemiológico. A doença, que antes apresentava redução no inverno, agora mantém números elevados ao longo do ano.
Os profissionais da saúde devem estar atentos à sazonalidade da doença, que hoje apresenta altos números mesmo em períodos de inverno. Isso reflete a persistência do vetor e a necessidade de vigilância contínua, mesmo fora das épocas historicamente mais críticas.
Avanços tecnológicos: Método Wolbachia
Uma das mais promissoras inovações no combate à dengue é o método Wolbachia, que utiliza mosquitos infectados com uma bactéria natural para impedir a transmissão do vírus. Curitiba sediará a maior fábrica mundial desses mosquitos, em parceria com a Fiocruz, o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde (SESA). Inicialmente, as cidades de Londrina e Foz do Iguaçu receberão a tecnologia devido aos altos índices de casos.
- A Wolbachia é uma bactéria intracelular presente em cerca de 60% dos insetos na natureza.
- Ao infectar o Aedes aegypti, a Wolbachia bloqueia a transmissão dos vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
- Estudos demonstram que a técnica reduz significativamente a população de mosquitos selvagens (não infectados) por meio de cruzamentos direcionados, que geram ovos inviáveis.
- Monitoramento contínuo é realizado após a soltura, incluindo análise de ovos coletados em armadilhas e confirmação da presença da bactéria nos mosquitos locais.
A expectativa é que a introdução do método Wolbachia e outras iniciativas inovadoras reduzam significativamente os casos de dengue no Paraná. No entanto, os resultados ainda estão em monitoramento, sendo necessário um acompanhamento contínuo para avaliar o impacto dessas tecnologias.
Capacitação de profissionais e vigilância ativa
A SESA-PR prioriza a capacitação de profissionais da Atenção Primária e da Rede de Urgência e Emergência para combater a dengue no Paraná. Isso inclui treinamentos para:
- Diagnóstico e manejo clínico correto: Diagnósticos baseados em critérios clínico-epidemiológicos são fundamentais. Testes multiplex são aplicados em casos graves, gestantes e óbitos.
- Tratamento adequado: A hidratação, ajustada ao peso corporal, continua sendo o pilar do manejo da dengue, com protocolos específicos para populações vulneráveis.
- Reconhecimento precoce de sinais de alarme: Dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos e sinais de choque exigem atenção imediata e transferência para unidades de maior complexidade.
A integração entre Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate a Endemias (ACE) é incentivada para otimizar as ações de busca ativa, eliminação de criadouros e mobilização comunitária.
Engajamento comunitário e ações intersetoriais
O sucesso no combate à dengue no Paraná depende de um esforço conjunto entre governo e sociedade. O Comitê Intersetorial, criado em 2019, reúne representantes de diversas secretarias, instituições parceiras e a população para implementar ações integradas. Entre as medidas estão mutirões de limpeza, campanhas educativas, aplicação de fumacê e capacitação de profissionais de saúde.
Estratégias de controle e comunicação
O Plano de Ação 2024/2025 destaca cinco eixos principais:
- Gestão Integrada: Coordenação entre secretarias estaduais, municipais e parceiros para um enfrentamento coeso.
- Vigilância Epidemiológica e Entomológica: Monitoramento em tempo real, análise de dados e ajuste das unidades sentinelas conforme necessidade.
- Capacitação Profissional: Treinamentos regulares, atualização de protocolos e incentivo ao uso de plataformas digitais para acompanhamento de notificações.
- Comunicação e Mobilização Social: Campanhas educativas, como o Dia Nacional de Combate à Dengue, reforçam a conscientização pública.
- Inovação Tecnológica: Expansão do método Wolbachia e introdução de tecnologias como aplicativos para monitoramento de ovos e criadouros.
Pacientes com comorbidades, como diabetes e hipertensão, gestantes e crianças pequenas requerem atenção especial. A fragilidade imunológica e os riscos de descompensação agravam os prognósticos nesses grupos.
- Tratamento na suspeita: O manejo inicia-se ao primeiro sinal clínico, sem aguardar confirmação laboratorial.
- Cuidados especiais: Medicamentos como ácido acetilsalicílico devem ser suspensos para evitar complicações hemorrágicas, exigindo avaliação cuidadosa em cardiopatas.
A prevenção começa em casa
A eliminação de criadouros é uma das medidas mais eficazes para controlar a proliferação do Aedes aegypti e diminuir os casos de dengue no Paraná. Vasos de plantas, pneus e qualquer objeto que acumule água parada devem ser verificados semanalmente. A conscientização da população sobre a importância de pequenas ações no dia a dia é crucial para interromper o ciclo de reprodução do mosquito.
Compromisso do COSEMS-PR
O COSEMS-PR reafirma seu compromisso com o combate à dengue, participando ativamente das ações do Comitê Intersetorial e promovendo a mobilização dos municípios para fortalecer as iniciativas de prevenção e controle. Acompanhe os destaques do Boletim da Dengue nos destaques do COSEMS-PR.