Doze experiências exitosas em saúde, desenvolvidas por municípios da Macro Noroeste do Paraná, foram selecionadas para representar a região na modalidade 1 da Mostra “Brasil, aqui tem SUS” de 2025. As iniciativas, voltadas à atenção básica, se destacaram por sua inovação, impacto real na vida das pessoas e pela forma criativa e eficaz com que enfrentam os desafios do cotidiano no SUS. 

12 experiências exitosas em saúde na atenção básica

Monitoramento inteligente com apoio digital  

A cidade de Cianorte-PR inovou ao desenvolver, em 2024, uma ferramenta digital para monitoramento estratégico em saúde. Coordenada por Vinícius Gabriel Rocha de Santana, a experiência é realizada em parceria com profissionais da Atenção Primária e da Vigilância Sanitária.   

Trata-se de uma plataforma simples e acessível, construída com base em dados locais e com intuito de facilitar a identificação da população com vacinas pendentes. A tecnologia permitiu identificar rapidamente áreas com maior vulnerabilidade, priorizar atendimentos e reorientar o trabalho das equipes. Por sua vez, a digitalização dos dados também fortaleceu a comunicação entre setores e melhorou o processo de tomada de decisão.   

“Como resultado direto, o município de Cianorte atingiu, pela primeira vez no século XXI, as metas de cobertura vacinal para varicela e tetra viral”, conta Vinícius, autor da experiência “Ferramenta digital para monitoramento estratégico da cobertura vacinal em Cianorte-PR“.    

Além disso, foi possível identificar e localizar rapidamente centenas de crianças com vacinas pendentes, permitindo ações direcionadas de busca ativa e visitas domiciliares 

Prevenção ao abuso sexual com protagonismo da UBS   

Em Nova Esperança-PR, a Agente Comunitária de Saúde Ana Mara de Oliveira Manthay coordenou a iniciativa “Prevenção ao abuso sexual contra crianças e adolescentes – o papel da UBS na proteção à infância”, com início em 2022. A proposta mobilizou a equipe da UBS para desmistificar mitos sobre o abuso sexual, promover educação em saúde e estimular a denúncia em contextos escolares.   

O projeto gerou impacto direto: os encaminhamentos para escuta especializada subiram de 32 para 58 casos em um ano. Desse modo, essa elevação evidencia que o trabalho possibilitou o reconhecimento de situações de violência e a confiança da comunidade na rede de proteção.   

“Podemos perceber que as ações realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde têm grande êxito entre a comunidade escolar, alunos e professores”, conta Ana Mara.   

Outros integrantes da experiência são: Hercules Silvério, Josielly Gonsaga da Silva Gibin, Maria Inês da Silva Castão Marques (todos Agentes Comunitários de Saúde) e Flavia Maria Neves Torre (Gerente de Serviços de Saúde). 

Regulação eficiente na APS 

A experiência “Teleconsultoria e Medicina de Família como instrumento de regulação de acesso em Paiçandu-Paraná” teve início em junho de 2024. De autoria do médico da família Eduardo Henrique Wentz Ribeiro, a intenção é implantar medidas regulatórias. Em especial, a telemedicina, como estratégia de regulação de acesso eficaz na Atenção Primária do município de Paiçandu. Com isso, busca-se ampliar a resolutividade dos médicos que atuam na APS do município.

Levantamentos iniciais do setor de agendamento mostram a resolução de aproximadamente mil casos que aguardavam nas filas de espera, por especialidades de neurologia, ortopedia, reumatologia e cirurgia vascular. Também houve redução de exames solicitados sem indicação clínica 

“A regulação em saúde, mais frequentemente utilizada por cidades de grande porte é um mecanismo eficaz para ampliação da resolutividade de APS. O investimento nesse setor pelos municípios pequenos pode ser feito de forma gradual e com a proposição de metas a serem cumpridas”, detalha o autor da experiência. 

Participam, também, da experiência: Daniel José Natal Lemes (auxiliar administrativo da Secretaria Municipal de Saúde), Carlos Henrique Doce Pazin (enfermeiro coordenador da Atenção Primaria), Adriana Cristina Zirondi (advogada), Thiago Alves Céfalo (Secretário Municipal de Saúde), além de profissionais médicos, enfermeiros e ACS das UBS da região. 

Boas práticas no atendimento de crianças com TEA 

Com objetivo de relatar a experiência de implementação de pulseiras de identificação para crianças autistas no pronto atendimento infantil, nasceu a experiência de Karine Hanako Kashiwakura. A gerente de serviços de saúde do Pronto Atendimento da Criança Zorte atua com o enfermeiro Endric Passos Matos, destacando os impactos na priorização do atendimento e da humanização dos cuidados prestados. 

A iniciativa “Emergências Pediátricas e Autismo: Melhorando o atendimento com pulseiras identificadoras” ainda está em andamento em Maringá-PR.  Os impactos observados até o momento foram: 

• Redução do tempo de espera para crianças com TEA; 

• Diminuição do estresse e ansiedade durante o atendimento, tanto para as crianças quanto para seus cuidadores; 

• Melhoria na qualidade das interações entre a equipe de saúde e os pacientes autistas; 

• Amento na satisfação dos pais e responsáveis quanto ao atendimento recebido; 

• Relatos positivos sobre o acolhimento e o respeito às necessidades individuais; 

• Otimização do fluxo de atendimento; 

• Equipe mais preparada e empática, resultando em um ambiente mais acolhedor e funcional. 

“A qualificação da equipe de enfermagem foi crucial para o sucesso da iniciativa, demonstrando a importância de treinamentos contínuos para lidar com necessidades especiais. Esta experiência pode servir de modelo para outras unidades de saúde que buscam melhorar o atendimento a pacientes com TEA e outras condições”, finaliza a autora. 

Saúde, esporte e conscientização sobre o autismo 

Gerson Pereira da Silva e Paulo Cesar Costa de Lima são autores da experiência “Coordenadoria do Autismo: Uma política pública em saúde contra o preconceito à pessoa com autismo”. A partir do diagnóstico territorial realizado, eles puderam identificar toda a população com TEA e complementar os dados da saúde.  

“Havia o registro de 45 pessoas, atualizamos para 114 indivíduos”, contam os autores. 

Para combater o preconceito e a discriminação, foram implementados a Semana de Conscientização do Autismo, em alusão ao Abril Azul, e o BeachTEA, que integrou a saúde ao esporte do município de Paraíso do Norte-PR. 

Tratamento da obesidade em pacientes sêniores 

Em prática desde 2023, “PMTO-Programa Multiprofissional de Tratamento de Obesidade: Uma Estratégia Intersetorial” busca melhorar a qualidade de vida dos pacientes sêniores com diagnóstico de obesidade.  

De autoria de Ieda Carla Candido, a experiência de Paranavaí-PR resultou em perceptível perda de peso, com melhora no padrão metabólico, no IMC e nos níveis de pressão arterial. 

“O estado emocional e a autoestima dos pacientes melhoraram muito. Conseguimos observar a felicidade dos envolvidos”, conta. 

Também integram a iniciativa: Andréia Martins de Souza, Camila de Oliveira Dircksen, Renata Staianov Gonçalves, Claudia Cristina Lucio Chaves e João Bruno Navarro Jabur. 

Construção do Plano de Prevenção ao Suicídio 

“Plano Municipal de Prevenção ao Suicídio: estratégia intersetorial para o cuidado em saúde mental” é o nome da experiência coordenada por Igor Fernando Neves em Paranavaí-PR. A intenção foi criar um espaço seguro para a expressão e acolhida das questões relacionadas a condutas de risco para a própria vida. 

“Conseguimos implementar grupos terapêuticos, proporcionando um espaço seguro para a expressão e acolhida das questões relacionadas ao suicídio e autolesão”, conta o autor. 

Os envolvidos apresentaram o Plano Municipal de Prevenção, Atendimento e Pósvenção (atendimento a pessoa enlutada) do Suicídio e Autolesão. 

Demais participantes: Andreia Martins de Souza, Aliny Fernanda dos Santos, Simoni Rossi Micheletti, Ismaida Aparecida Silva, Renata Kimura, Carolina Tomiko Brambila Ueda, Weslei Waki e Soraia Martos. 

A força da atividade física no cuidado integral 

Em Mariluz-PR, profissionais buscam, desde 2023, promover a atividade física regular como hábito essencial para a saúde e o bem-estar da população. A intenção da experiência “Mariluz em movimento: pessoas ativas para uma saúde integral com o SUS!” é fomentar uma sociedade em que a prática de exercícios seja parte do cotidiano para pessoas de todas as idades e capacidades e com atenção especial aos idosos.  

“Nós queremos criar um movimento contínuo e sustentável. Além de uma cultura de vida ativa e saudável que envolva todas as camadas da sociedade, fortalecendo a saúde física, mental e emocional da população”, explica o autor Júlio Cesar de Souza Reis. 

A iniciativa foi de 12 para 150 participantes em dois anos, com fortalecimento dos vínculos interpessoais do grupo, o que, por sua vez, promoveu um ambiente de apoio mútuo. “O sucesso da ação reafirma a necessidade de políticas públicas que valorizem a prevenção, a promoção da saúde e o cuidado integral da população”, finaliza. 

Também lideram a experiência: Andrea Cristina Bernardo de Oliveira (Secretaria de Assistência Social), Ana Carolina de Souza Alves (psicóloga), Simoni de Souza Berton Kawazoe (nutricionista) e Marta Teixeira Andre da Silva (fisioterapeuta). 

Atenção ao cuidado materno-infantil 

Em prática desde 2024, em Tapira-PR, a experiência “Grupo Gestar: ampliação da literacia em saúde para o cuidado materno-infantil na Atenção Básica”, busca: 

• Identificar o nível de conhecimento das gestantes do munícipio em relação à sua saúde e a do bebê; 

• Auxiliar no enfrentamento de desinformações no período gestacional; 

• Contribuir para o aumento da literacia em saúde no período da gravidez; 

• Desenvolver reflexão crítica e autonomia na tomada de decisões; 

• Fornecer informações úteis para o desenvolvimento de uma gravidez saudável; 

• Possibilitar o cuidado longitudinal. 

“O Grupo Gestar tem sido fundamental para o desenvolvimento de autonomia das gestantes em relação às suas saúdes e a do bebê. Percebemos que elas têm tido mais iniciativa para buscar informações”, contam as autoras Maria Eduarda da Silva Lucena Dourado e Josiane de Melo Freitas. 

Além disso, a iniciativa promove trocas de experiências, aprendizados e um cuidado longitudinal. Participam 40 gestantes e mães, desde julho de 2024 a março de 2025. Mesmo após a saída do grupo, com o nascimento do bebê, tem sido construído um cuidado longitudinal.  

Cuidados de saúde contínuos com otimização 

Com o intuito garantir o acesso ao atendimento e ao cuidado, melhorar a gestão da Unidade e aumentar a resolutividade da ESF, nasceu a experiência “Agenda ESF SIM, manter o foco, evitar desperdícios de tempo”. De autoria do Secretário de Saúde, Marcelo Francisco e Matos, e com participação das Equipes de Saúde da Família, a experiência em Juranda-PR garantiu cuidados de saúde contínuos à população, proporcionando equidade no atendimento.  

Nesse sentido, diminuiu o número de filas na unidade, aglomeração de pacientes, solicitação de exames e encaminhamentos para as especialidades – já que os atendimentos são garantidos. Com o cuidado previamente organizado, houve uma redução na ocorrência de agravamentos clínicos entre os pacientes.” 

“As agendas promoveram ações integradas e contínuas de saúde no território, garantindo o acesso a serviços essenciais. A programação da Agenda tornou-se essencial para um planejamento eficaz durante o ano. Isso porque promove uma reorientação no processo de trabalho com grande potencial para fortalecer o cuidado”, finaliza Marcelo. 

Protocolo qualifica encaminhamentos e reduz exames desnecessários 

Também de autoria do Secretário de Saúde, Marcelo Francisco e Matos, e com participação das Equipes de Saúde da Família, “Protocolo exames de média e alta complexidade para ESF” estabelece critérios e fluxos para os encaminhamentos às especialidades e exames de média e alta complexidade. 

A finalidade é a diminuição na realização de exames e encaminhamentos desnecessários. Bem como, a qualificação nos encaminhamentos realizados e no investimento dos recursos em Juranda-PR.  

“O protocolo proporcionou a qualificação do atendimento da ESF no território de atuação, além de mitigar os custos e, principalmente, qualificar o cuidado e o olhar do profissional perante o paciente, bem como sua responsabilidade sanitária com o território a que pertence”, detalha Marcelo. 

Transformando a espera em ato de cuidado 

“Arte em cuidar. Dramaturgia para trabalhar algumas doenças de forma lúdica”. A experiência, de autoria de Beatriz Garcia Machado, está em desenvolvimento desde 2013 em Juranda-PR. 

Participam as Equipes de Saúde da Família, com foco nos Agentes Comunitários de Saúde, com os objetivos de: 

• Realizar promoção em saúde;  

• Levar informação ao público na espera;  

• Desenvolver a autoconsciência e a autoestimatima, beneficiando na redução de algumas doença. 

“A sala de espera na unidade ficou mais atrativa e, principalmente, mais informativa. Os teatros transformam o tempo de espera em algo menos entediante, abordando os mais diversos temas. Algumas das narrativas foram recriadas a partir das histórias contadas nas microáreas áreas”, conta a autora da experiência. 

Por fim, confira as experiências exitosas em saúde selecionadas da Macro Norte e acompanhe as da modalidade 2. Siga acompanhando o blog para conferir as demais macrorregiões.